terça-feira, 20 de abril de 2021

 

                                         Meditação de limpeza da mente - Prof. Hermógenes.

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Técnica: Em lugar onde não venha a ser incomodado,

sente-se confortavelmente, de maneira a que não precise mudar. Olhos fechados, fique inteiramente imóvel

e dê ordens mentais de relaxamento a todo seu corpo, até

chegar a sentir-se como se não tivesse corpo. Entregue-se a

Deus Onipresente, oferecendo a Ele o resultado de sua prática.

Transforme-se em mero espectador dos movimentos da

mente. Deixe-a vagar. Deixe-a ir para onde entender. Seja um

observador atento, mas sem inquietações, sem desejos, sem se

sentir envergonhado ou orgulhoso do que for presenciando. Não

reprima o que lhe desagrada. Também não alimente nem esti-

mule o que lhe convém. Não deseje não ver algo que lhe des-

gosta nem anseie por ver o que lhe interessa. Nada de fazer

"cortes" de censor no filme que sua mente lhe apresenta. Quan-

to maior for sua isenção; quanto mais realizar sama bhava, isto

é, "igualdade de ânimo"; quanto mais você se vir livre de

idéias morais anteriores; quanto mais você sentir-se "desiden-

tificado" com aquilo que está percebendo, mais à vontade, mais

espontaneamente, a mente se revelará, mostrando como é e o

que tem.

Você lucrará:

Porque se alivia de cargas enfermiças, perturbadoras, inde-

sejáveis e mórbidas.

Por afrouxar tensões emocionais.

Por purificar a mente.

Por "desidentificar-se" com a mente e, em conseqüência,

identificar-se com Aquilo que a transcende.

Por desenvolver a coragem de defrontar-se com a parte

de sua natureza, que você sempre temeu.

Nas primeiras tentativas, duas coisas podem ocorrer:

a) A mente não se sente confiante nem à vontade e, por

isto, se mantém inibida. É o caso mais raro.

b) Os processos mentais se desenrolam febris, demasia-

damente agitados, o que pode levar o praticante a duvidar se

está fazendo certo ou até suspeitar da conveniência do método.

Prossiga, inquebrantavelmente, todos os dias a deixar a

mente escorrer livre de seus subterrâneos. Faça-o, com a certeza

de que, pouco a pouco, a ganga impura vai deixando um vazio,

que virá algum dia a ser preenchido pelo bem-aventurado si-

lêncio dos santos. A mente não pode vencer a inquietude se

não se livrar das causas da inquietude. Não superará o estado

de conflito, se os conteúdos conflitantes continuam lá, em luta.

Não vencerá a ansiedade, se esta se alimenta de materiais pro-

fundos e insondáveis.

Dê rédeas ao fluxo de sua mente. Faça como quem, sen-

tado na margem, observa o rio correndo. Quem não mergulha

no rio não é arrastado, e, só assim, do lado de fora, em segu-

rança, sem identificar-se com ele, pode aperceber-se do que ele é e como age. Sinta-se como sentado na margem, sem mergu-

lhar na mente, sem se deixar envolver, sem se deixar empolgar.

Tome conhecimento, sem julgar, sem criticar, sem lutar, sem

pretender subjugar ou reprimir, estimular ou melhorar. Esque-

ça-se dos resultados que pretende. Esqueça-se de que está que-

rendo conquistar a mente. Esqueça-se de que deseja limpá-la

e libertá-la de imperfeições.

Abhyasa ou concentração da mente só é possível depois de

algum tempo de "purgação mental". Chega mesmo a ser uma

sua conseqüência. É de resultado desalentador tentar a sujeição

da mente, fixando-a sobre um objeto. Ela se defende como um

espadarte capturado pelo anzol do pescador. Usará de todos os

seus recursos — e são imensos, inusitados, poderosos — para

não se deixar vencer. Se você for inteligente como o pescador,

acabará domando a instabilidade mental. A forma inteligente a

que me refiro é imitar o pescador, que, por algum tempo, solta

a linha e deixa que o peixe se movimente à vontade, até que,

por fim, de tanto debater-se, já estafado, não resiste à captura.

O ato da "purificação mental" eqüivale a "dar linha" à mente,

que acabará por ser submetida, sem esforço, sem luta e sem

violência. Onde reina inteligência não cabe lugar à violência.

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