Sente na beira do rio                                        

                                                            Veja a água correr

                                                            Ouça o vento passar

                                                            Abra seus braços

                                                            Respire fundo

                                                            Deixe o ar entrar

                                                            Relaxe a mente

                                                            Deixe o pensamento voar

                                                            Abra o peito

                                                            Sinta o coração  bater

                                                            Deixe a energia correr

                                                            Deixe sua luz brilhar

                                                            Deixe seu  o amor* aparecer

* força que se expressa através do ser como extensão de si mesmo e do infinito, de suas pulsações, inspirações, potencialidades, sem condições ou forma pré-estabelecida, de forma livre, espontânea e imprevisível! 

                                                        A cura pelo relaxamento    

        Desde a revolução industrial, o início da sociedade de consumo, a humanidade entrou em um ritmo de aceleração e desenvolvimento muito grande. As invenções e descobertas tecnológicas, a produção industrial, se desenvolve em de uma maneira muito acelerada. Respeitando apenas o ritmo da correria dos dias contados pelos ponteiros dos relógios, atingimos um nível de desenvolvimento muito alto. Mas nos alienamos da condição de que não somos máquinas, e deixamos de observar se nosso corpo, nossa mente, emoções, espírito, acompanham o ritmo do desenvolvimento. Tentando acompanhar a produção e o consumo da sociedade, deixamos de olhar para nós mesmos e aceleremos todo nosso organismo, fisiológico, mental, emocional, energético, prejudicando toda integridade do nosso ser. Esse processo de aceleração leva a uma sobrecarga,  prejudicando o indivíduo em vários aspectos. O que causa e contribui para o surgimento e várias tipos de desarmonias. Deixando de olhar para nós mesmos, desrespeitamos nosso ritmo e as necessidades do nosso próprio ser, deixamos de recarregar nossas baterias, nossos centros energéticos entram em desarmonia e começam a falhar, abaixando nosso sistema imunológico, nossas defesas, e as doenças começam a aparecer.  Um ponto importante nesse patamar é a alienação em relação as nossas emoções, muitas vezes difíceis de lidar, muitas vezes desagradáveis e que precisam ser trabalhadas, digeridas, desenvolvidas diariamente. Como isso não acontece, seja por falta de tempo, conhecimento, hábito, vontade, cresce o número de pessoas que escolhem viver de uma maneira endurecida ou que adoecem devido a problemas psicossomáticos, que procuram extravasar suas tensões de maneira nem sempre saudável, ou caem refém dos vícios para suportar a realidade. Alguns até vivem de uma maneira satisfatória, mas permanecem imaturos emocionalmente, prejudicando suas relações com outros seres, com o meio em que vive e diminuindo sua capacidade de ser feliz.  Vivendo em desarmonia com sua natureza o ser humano perde muito de seus potenciais e qualidades e principalmente a capacidade de se auto regular e manter sua saúde. Somos bombardeados o tempo todo por uma quantidade enorme de informações que não temos tempo de filtrar, as exigências e as pressões atingem níveis muito alto que muitas vezes não estão de acordo com nossos anseios verdadeiros. Temos que viver como se não tivéssemos emoções, não podemos nos sentir cansados, porque não temos tempo a perder nessa corrida maluca atrás de já nem se sabe o que, temos que aproveitar tudo ao máximo. Mas será que isso está de acordo com a natureza humana? Não somos máquinas, temos outras características que elas não possuem, como a capacidade de sentir, de pensar, questionar, criar, amar. Capacidade de sorrir e também de chorar, de ser espetacular, mas também ridículo, de ser forte mas também muitas vezes é natural nos sentirmos fracos. Há muitos super-heróis criados pelo cinema, muitas idealizações do homem bem sucedido e realizado para sociedade, mas será que na realidade não estamos exigindo demais de nós mesmos. E deixando de lado outros pontos do nosso ser que também precisa ser vivenciado e acaba sendo sacrificado por conta das exigências do mundo material. A busca do “ter” está alienada da primeira condição natural do ser o humano o simplesmente “ser”. Da maneira autêntica que cada indivíduo é pela sua mais verdadeira condição de existir. O crescimento do caos, da violência, da destruição da natureza e do crescimento de vários tipos de doenças parece mostrar que algo não está correto e precisa ser revisto.

            Alienado de sua condição de existência, voltado apenas para o externo, para o material, qualquer processo de interiorização significa a salvação, a cura para vários processos de desarmonias do homem moderno.

            E isso a pratica do Yoga oferece da melhor forma possível, trazendo para a sociedade da pressa, a arte do relaxamento, um reencontro consigo mesmo. Relaxando o corpo, a mente, acalmando as emoções, se abandonando por alguns instantes, sintonizando com sua fonte de energia, com a fonte de energia do universo, o ser entra num processo de auto cura, onde as desarmonias vão embora e tudo se transforma, se auto regula, se regenera, se restabelece de modo natural pelo próprio potencial de saúde existente em cada indivíduo.

Tiago Bindewald

Namastê _/\_

“Mas ainda melhor do que a auto-observação é a preciosa capacidade de relaxar-se. Vou entregar-lhe um tesouro dos céus. Você está sendo convidado a ingressar no “clube dos felizes”, onde se reúnem pessoas que nunca se desgastam, nunca arrastam cruzes desnecessárias, e sabem, com inteligência e oportunidade, manter um agradável e permanente estado de relax, e assim conseguem atravessar incólumes a procissão dos engatilhados e esgotados de stress.”                                                                      Professor Hermógenes

                              
                                     A cura pelo relaxamento

         O ser humano carrega em si mesmo as impressões deixadas por todos os aspectos de sua existência, questões práticas e subjetivas, questões de sobrevivência e existenciais, desde as dificuldades que enfrenta no seu dia-a-dia para sobreviver, até a busca por um sentido de vida, uma explicação ou motivo maior para si mesmo, a busca pela felicidade. Traz em seu corpo as impressões deixadas por traumas emocionais, decorrentes de acontecimentos indesejados, mal assimilados que marcam as pessoas de modo negativo. Carrega consigo mesmo as impressões acumuladas de acordo com seus hábitos e modos de vida que na sociedade atual, nem sempre são positivos, devido a correria, a má alimentação, as pressões, o excesso de estímulos e informações que somos bombardeados constantemente. Todas essas questões levam ao acúmulo de tensões, marcas impressas no corpo, na mente, no campo emocional, na alma de quem passa por essa jornada pela vida.  Levando o indivíduo a ir perdendo a sua condição original, autêntica, natural, e por consequência deixando de se sentir bem. Isso se expressa por maneira de viver enrijecida, inflexível, tensionada.  São as tensões, essas impressões acumuladas no ser pela vida. Muitos acabam reféns delas, o que causa e contribui para vários tipos de desarmonias tanto físicas como emocionais que atinge tantas pessoas.

           A cura pelo relaxamento demonstra que desligando a mente, relaxando o corpo, acalmando as emoções, mergulhando dentro de si, o ser humano entra num processo de auto cura. Ele se reconecta com sua fonte de vida, sua essência feliz. Onde tensões, impressões são dissolvidas, onde desarmonias são liberadas, soltas, permitindo que o todo o ser se harmonize, se auto resgate. Voltando ao seu estado natural e autêntico de saúde, o organismo volta a se auto regular, se regenera espontaneamente. 

Tiago Bindewald

Namastê _/\_

             

                       Vamos a prática! Sádhana!

       Pronto, chegou o grande momento, vamos praticar! Sinto que milhares de teorias se desfazem em poucos minutos de pratica, no liquidificador da experiência humana, nada se aprende de verdade na teoria como se assimila na pratica.

       O corpo nem sempre preparado, talvez um tanto fatigado, cansado e tenso, chega a esse momento, só de buscar uma postura confortável para relaxar, para se reestruturar, é com certeza um grande prêmio! Já desde a primeira respiração consciente algo muito especial acontece, uma sintonia sutil se faz presente, a esperança se aponta como uma luz, um novo mundo começa a se descortinar. O mantra primordial e universal, o som do OM traz a tona, algo muito especial, secreto, guardado, o melhor de si mesmo, que vive ensimesmado, preso, trancafiado, nos afazeres do dia-a-dia. Cada postura, cada asana realizado é uma nova autodescoberta, um mundo que vai se descortinando, feito de bem estar, bons pensamentos, bons sentimentos, um ser esquecido, o eu mais autêntico, que vai surgindo a partir da dissoluções das tensões que vão se desmanchando e escorrendo pelo corpo, caindo por terra, a ser reciclada pelas forças da natureza e da vida! Os ásanas nos ajudam a dissolver as impressões que a mente deixa no corpo, purificando e sublimando os samskaras, as impressões no inconsciente que são a força motriz por detrás de nossas ações.  A mente começa a clarear, a vida que era turva e com pouca graça de sentido duvidoso, surge plena a nossa frente, repleta de sonhos, anseios pessoais, humanistas e espirituais, de inspirações mais divinas da existência. Qualquer cansaço se transmuta em força física, cada postura realizada parece trazer mais força consigo, quanto mais praticamos, mais força temos, o cansaço não vem... Um pranayama realizado, o controle e melhor aproveitamento da energia vital, através da expansão da respiração, é um banho de vida sobre o ser, é a própria luz que se acende, limpando a visão, clareando a mente, iluminando os sentidos, despertando os potenciais latentes do ser, abrindo alas para podermos vivenciar os sentimentos mais profundos de paz e satisfação plena. Uma pratica bem equilibrada, realizada com total entrega e consciência, fluindo no ritmo da respiração, alternando momentos de total descontração e alegria, com momentos de auto superação em que é preciso aceitar e encarar as barreiras, os obstáculos, nossos medos, monstros, fantasmas, dores e aflições, para poder novamente transcender em um grande suspiro, com leve sorriso nos lábios. E tudo pode ser gradual, você não precisa ir além do ponto em que não está preparado, mas está sempre se preparando para ir um pouco além. Assim naturalmente vai evoluindo, nem que um passo atrás de um dia, se compenso por dois a frente no outro, e alguns períodos em que tudo parece estagnado, se rompe em um grande salto de evolução imprevisível. 

* Sádhana é um modo comum de se chamar a prática do Yoga entre seus adeptos, muito utilizada para se nomear a sua prática espiritual. O significado da palavra tem mais haver com sadhana ser o meio para se realizar determinado objetivo, como a prática do Yoga é o meio para alcançar moksha, a liberdade ou iluminação.