A vida é a perspectiva que temos sobre ela
Quando nos identificamos demais com algum defeito, perdemos a oportunidade de ver tantas qualidades que estão
ao nosso redor. Imagine-se observando uma pessoa, seja de sua relação ou
desconhecido, ou a observação de um local ou momento de sua vida. E nessa observação
você só enxerga defeitos, problemas,
sofrimento. Observe o tanto de coisas boas que existem nesse momento ao seu
redor que talvez não está enxergando, focado no defeito. Todos e tudo dentro da existência possuem imperfeições, mas também possuem muitos talentos, potenciais e qualidades. Essa é a dança, a brincadeira do aprendizado na vida. Pense quantas
maravilhas pode estar desperdiçando, quantas oportunidades, quantas coisas boas
estão ao seu lado nesse momento, quantas coisas boas para si e para os outros
está deixando de fazer, para uma vida mais produtiva, criativa, evolutiva, ou
simplesmente para sentir sua plenitude e felicidade como ser. E que maravilha
são as pessoas que não perdem a gratidão, como esse deveria ser um valor intrínseco
do ser humano, reconhecer tudo de bom que possui em si mesmo e em sua vida.
Gostaria de
compartilhar uma experiência pessoal. Muitas vezes quando saio a
rua na correria do dia-a-dia, em uma primeira impressão vejo a ansiedade, o
estresse, a agressividade exagerada. O que não é nada agradável. Então
experimento trazer a esse momento, a mesma atitude relaxada que aprendi na
prática do Yoga. Meu olhar, minha perspectiva sobre a vida e as pessoas muda, o
estresse continua, mas ele parece agora não meu incomodar tanto, e melhor,
começo a ver pessoas tranquilas, bem humoradas, algumas esperando a primeira
oportunidade para um sorriso ou gentileza, vejo cenas engraçadas do cotidiano, vejo
a beleza dos locais onde passo, vejo mais oportunidades, me surgem boas ideias, aprendo a me compadecer serenamente da dor alheia, sinto uma sintonia bacana
com as crianças, entro em sintonia harmoniosa com pessoas completamente ou até
inversamente diferentes de mim. E por aí vai, apenas para demonstrar a mudança
de perspectiva, de visão do mundo que acontece, quando mudamos nossa atitude
interna.
Contudo se aprofundarmos
um pouco esse olhar, e o individuo olhar mais profundamente para si mesmo,
poderá encontrar as raízes, as
sementinhas que geram o sofrimento, as ervinhas daninhas que ainda não foram
cortadas, da mente e do coração, que estão lá atrapalhando a visão e o
discernimento, prejudicando o sentir mais autêntico, provocando julgamentos,
projeções, de carências, frustrações do ser consigo mesmo. Sendo a raiz dessa
visão distorcida de identificação com o sofrimento, ao invés de se identificar
com tantas possibilidades melhores que a vida nos oferece todos os dias a cada
momento!
Tudo aquilo que
nos faz sofrer, só nos afeta porque sentimos identificação, seja por medo,
apego, aversão ou egoísmo. A meditação ajuda a nos desidentificar com o
sofrimento, nos levando a se identificar
com aquilo que faz evoluir. Abrindo esse
espaço interno, criamos um nova perspectiva
para nossa vida. Se identificar com aquilo que transcende o sofrimento,
nos faz ver a vida como algo muito maior e alguns problemas vão perdendo
importância, consideração. Desmoralizando
o “monstro” que nos fazia sofrer. Aprendemos a não colocar o fator decisivo
para nossa paz, nossa integridade, em questões externas e de outros seres ao qual não temos controle
nem responsabilidade. Mas sim em uma perspectiva de vida que dependa muito mais da relação consigo mesmo e sua
perspectiva de vida.
A vida é a
perspectiva que temos sobre ela, uma situação que é o fim do mundo para algumas
pessoas, para outras é apenas um pequeno contratempo. Quanto mais preguiça sinto de sofrer, mais aumenta meu talento
para felicidade.
Namastê!
Tiago Bindewald